quarta-feira, 8 de julho de 2009

Abre o olho!!!

Olá a todos os meus caros amigos e amigas! Hoje aspiro a reflectir sobre os perigos e limitações da tecnologia. Como é óbvio e não podemos escamotear tal facto: as tecnologias têm limitações e pior do que isso, graves perigos. Uma vez que quem as constrói e quem as utiliza são os homens e mulheres, que têm defeitos, através destes e destas se manifestarão tais defeitos. Segundo Lipovetski, estamos numa crise de valores, numa sociedade pós-moderna, na era do vazio. Através das tecnologias, dos computadores, da internet graves perigos podem acontecer. Comecemos pela violência virtual, chamado de cyberbullying. Mas o que é isso exactamente? Bullying são acções repetitivas de humilhações, ameaças, exclusão, etc., sem motivo aparente, que ocorrem contra uma pessoa ou grupo. O cyberbullying afigura-se uma nova forma de violência que atinge diariamente os computadores de milhares de crianças e jovens no mundo inteiro, criando desespero e destruindo a auto-estima. Se já não bastasse o bullying, onde as vítimas não vêem o tempo passar, são gozados diariamente, são excluídos, ridicularizados, sofrem agressões físicas e são roubadas, ofensas, etc., o cyberbullying, permite que essa comunidade surja na net, que te ridicularizem, que se façam passar por ti, façam fotomontagens, que te espanquem e depois coloquem os vídeos na net e por conseguinte, tendo a tua imagem pessoal destruída. Apesar de ter tomado consciência disso ao vislumbrar um dos vídeos de Tecnologia Educativa, sendo no caso retratada uma história fictícia, há diversas histórias reais de sofrimento, demasiadas, que podem acabar, como já aconteceu, em suicídio. Se for vítima do cyberbullying não se deve ter vergonha, deve contar tudo aos seus entes mais próximos, deve denunciar essas situações. Caso esteja do outro lado, nunca é tarde de mais para mudar, a sua brincadeira, pois muitos agressores consideram-na isso, mas esta constitui uma ferida na vida de outra pessoa. Eis um bom tema para trabalhar, e eu enquanto futuro professor devo estar muito atento, nas aulas. A internet deve ser utilizada como uma ferramenta positiva, não como forma de atingir alguém. Além disso, através da internet, alguém mal intencionado pode fazer-se passar por nós, usar os nossos e-mails, as nossas contas, os nossos cartões acabando por prejudicar altamente a nossa vida. Não devemos confiar no que o ser que está do outro lado da rede diz, devemos sempre desconfiar.

Outra questão deveras sensível é a pedofilia. Pela internet, os pedófilos podem entrar na nossa casa, mesmo tendo alarme, cães, com os pais e irmãos em casa, tornando-se uma presença invisível mas efectiva e influente. A propósito disso, há uma série na TV sobre isso, em que um apresentador de televisão norte-americano, se faz passar por crianças/jovens e atrai o manifesto pedófilo para uma casa, onde o entrevista, após o qual é detido e acusado de pedofilia. É preciso alertar os nossos filhos, os nossos amigos destes perigos para estarem alerta.
Em última análise, é premente educar a nossa sociedade no sentido de amenizar estes perigos. Neste sentido, a escola tem um papel fundamental. Relembrando o professor Carlos Gomes, este parafraseava muito Durkheim, sobre o que ele dizia na escola: “Trata-se de formar, não operários para a fábrica ou contabilistas para o comércio, mas cidadãos para a sociedade. Ainda sobre isso, no ponto 5 do capítulo 2.º da Lei de Bases do Sistema Educativo: “A educação promove o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias, aberto ao diálogo à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva”. Assim, conseguir-se-á reforçar a possibilidade de a sociedade portuguesa poder contar com cidadãos caracterizados pela capacidade de agirem e reagirem, face a problemas concretos, nomeadamente, a injustiça social, imigração, minorias sociais, relação com sociedades com diferentes sistemas de crenças e de valores, formas de combate político baseadas na violência – com base num quadro de referência ético-político inspirado na tradição democrática e humanista. Para mais no que à questão das fraudes diz respeito, com a falsificação de identidade, utilização de cartões de outrem, está tudo relacionado com a cultura/sub-cultura de fraude que se vai desenvolvendo ao longo do percurso escolar. Com efeito, copiar, contornar as leis tem sido sinónimo de prestígio, de esperteza, de elogios e não de desaprovação, correcção. Esta sub-cultura da fraude, do copianço, que depois se reflecte na sociedade, que foge aos impostos, infringe o código da estrada e tal é considerado um feito e as pessoas gabam-se disso, é valorizado socialmente, em vez de condenado. Trabalhar as questões éticas do bem e do mal, da justiça e injustiça, é fundamental. A escola e os professores devem instruir, formar os alunos em termos técnico-cognitivo, mas devem prestar um grande trabalho ao educar estes jovens seres, que serão o futuro. Não é por acaso que costumo dizer que a Universidade é o micro-cosmos da sociedade. Porquê? Se há maus técnicos, advogados, professores, pessoas com mau carácter, corruptas, estas desenvolvem esses traços de personalidade ao longo do seu crescimento, por isso a minha perplexidade, quando colegas que conhecem a realidade universitária ficam admirados com o que se passa na sociedade?!
A tecnologia é inevitável, já não dá para travar esse rumo, mas utilizamo-la com responsabilidade. Para isso eduquemos as nossas crianças e os nossos jovens no saber e mas também no ser, é necessário formar cidadãos activos, críticos, participativos e com sentido de responsabilidade.

Referências Bibliográficas: Gomes, Carlos Alberto (2002). Democracia Política e Cidadania Democrática no Ensino Secundário
Gomes, Carlos Alberto. Ética e Justiça na Avaliação: a fraude e o ‘copianço’ no processo ensino/aprendizagem
Decreto-Lei N.º 46/86, Lei de Bases do Sistema Educativo.


Fontes da imagem: bloghadouken.blogspot.com; www.boston.com/.../08/17/death_by_cyber_bully.

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