terça-feira, 19 de janeiro de 2010

What a Wonderful World

Haiti...

Olá ...
Em primeiro lugar, quero dizer que lamento tudo o que está a acontecer no Haiti. No entanto, já antes do incontrolável terramoto, lamentava o Haiti, bem como um sem número de países na América, na África, na Ásia, na Europa,... Mas o Haiti, nome que se associava mais a férias, como a República Dominicana e outros, são países invisíveis até acontecerem desastres naturais. (a maior parte nem sabia onde ficava isso). Aí, tornam-se o centro da hipocrisia e do cinismo do mundo, dos actos heróicos e altruístas de quem sente um peso na consciência, ou melhor, daqueles, que tendo culpa no cartório, não querem ver a sua imagem beliscada (é mais este o caso)... Haiti, Haiti, Haiti, só se fala disso, mas até quando??? Até deixar de ser moda, daqui a duas, três semanas ou até um mês e depois Haiti? Depois, tendo sido ajudado em milhares de milhões de euros por causa do terramoto (o que não aconteceu durante anos, sendo este um dos países mais pobres do mundo) e depois? Depois, põe-se um governo fantoche e segue a vida! É REVOLTANTE, o desequilíbrio na distribuição da riqueza deste mundo, é ignóbil!!! Não percebo! Fortunas como a do Ronaldo, Figo, Clooney, Bill Gates, dos donos do petróleo, poderiam ser canalizadas para esses países. Não digo todas, só pediria 1/10, ou até menos, não sei ... Só os brincos do Reinaldo (Cristiano Ronaldo), dariam para matar a fome a quantos milhares ou milhões de pessoas??? Digam-me! E acham que por fazer um donativo, ou um jogo de solidariedade é que vão ficar bem na fita? Ficar bem na fita é dar em função daquilo que se tem, isso sim é altruísmo. Se tenho uma fortuna de 100 milhões de euros, dar um milhão é muito? Se ganho 20 000 euros por mês, ao fim do ano são 240 000 euros? Acham que fazer um joguinho de futebol, é muito?
Mas a triste realidade... é que quem tem muito, na maior parte dos casos, não tem estes sentimentos de amor ao próximo, de solidariedade, de reciprocidade, de partilha, de abraçar causas sociais e humanitárias! Imagimem, no mundo ideal, que todos os milionários, a saber, jogadores de futebol, jogadores de futebol americano, de basquetebol, de baseball, actores, empresários, músicos, cantores, donos do petróleo, etc., tivessem, por lei (já que não fazem por si), de contribuir obrigatoriamente, não para os estados, que gastam o dinheiro sabe se lá onde, mas para instituições, para países do género??? Seria, como a aquela música diz «a wonderful world»!
Eu e os meus amigos do futebol do Domingo, na maior parte dos casos, estudantes, no máximo a estagiar, vamos juntar algum dinheiro e vamos ver a melhor forma de ajudar. Imaginem só em Portugal, pelo menos 1 milhão de pessoas se juntasse e desse 1 euro? Seria um milhão de euros!!! E se dêssemos 2 euros, seria 2 milhões!
Só não está sensível a isso e receptivo, quem não viu, como eu vi, as imagens do jornal, mostrando helicópteros a atirarem caixotes com alimentos e os haitianos a correrem, como animais (todos somos, mas no caso deles, vem ao de cima os seus instintos primários), para apanhá-los ...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pois é...e ninguém desconfia do palhaço

O palhaço
00h30m
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.
Mário Crespo, Jornal de Notícias de, 14-12-2009