Caros cibernautas, hoje pretendo pôr-vos a par de mais um triste episódio dos nossos partidos políticos. Desde o 25 de Abril de 1974, PCP, PPD/PSD, CDS/PP E PS têm conduzido o rumo do nosso país e como todos podem constatar, esse rumo tem sido no mínimo sinuoso e desastrado. Hoje, o problema maior do país prende-se com a grave crise económica e financeira e a respectiva situação da economia portuguesa, das suas finanças públicas, das opções estratégicas no que diz respeito aos investimentos, nas questões que envolvem os impostos. Lamentavelmente, o Partido Comunista Português que se afigura um defensor do país, que se vangloria do seu papel pós-25 de Abril, que em todos os debates parlamentares, televisivos e outros show-off, se apresenta como arauto dos trabalhadores, do povo, que protagoniza ataques superficiais, levianos e mediáticos em todos os sentidos, vem, nos últimos dias, apontar as baterias a uma situação ocorrida na Escola Secundária de Alberto Sampaio, em Braga. Conheço a situação por dentro por ser professor estagiário nessa escola. Segundo o PCP:
«O Grupo Parlamentar do PCP teve conhecimento de que na Escola Secundária de Alberto Sampaio, em Braga, os professores foram convocados formalmente para o “serviço de coordenação, preparação e acompanhamento das mudanças de instalação da Escola, de forma a garantir a abertura regular das actividades lectivas para início do 3º Período”. Infelizmente, este caso veio consubstanciar as críticas e receios do PCP sobre o actual modelo de gestão das escolas. A concentração do poder no Director pode potenciar este tipo de decisões e comportamentos, que são inadmissíveis, pois não representa qualquer dever ou competência dos professores este tipo de tarefas. Mais entendemos que a componente pedagógica e lectiva do horário dos professores deve assumir a sua maior preocupação no decurso do exercício da sua profissão. A desvalorização dos professores, do seu trabalho e dedicação, das suas carreiras e próprio papel no seio da escola pública conheceu profundos ataques com a aprovação do Estatuto da Carreira Docente pelo anterior Governo do PS e mantém hoje, pese embora as alterações conquistadas com a luta destes profissionais, os principais objectivos. A valorização da escola pública democrática e a concretização do direito à educação não pode ser inseparável da valorização de todos os profissionais e estudantes que garantem o dia-a-dia das escolas.»
Analisemos o texto. Em primeiro lugar, utilizam um caso que mal conhecem, pois como podem constatar a maior parte do texto é um ataque ao modelo de gestão da escola, à situação dos professores e da escola pública em geral e mal descrevem a situação na Escola Secundária. Tal é sintomático da forma de fazer política do PCP que aproveita tudo e mais alguma coisa (e nada também, pois fazem casos de situações que não são casos, como acontece aqui, na minha opinião) para denegrir, atacar. Em meu entender, o presente modelo de gestão tem aspectos muito negativos e aí concordo com o que foi dito, a situação dos professores é lamentável e a escola pública enfrenta grandes desafios, mas utilizar uma situação em que a directora convocou todos os professores no sentido de ajudarem a transferirem os diversos materiais dos vários departamentos para os edifícios novos não me pareceu nem me parece nada de mais, nem me parece que envergonhe, diminua a profissão de professor (quem conhece a escola, sabe que uma das características que definem a sua essência é o trabalho cooperativo). Além disso, o PCP não se dignou sequer em fazer o contraditório e esclarecer a situação junto da direcção da escola, optando, como não seria de esperar outra coisa, de mediatizar e avolumar algo que não se justifica. Acresce, ainda, que a directora da escola, a professora Manuela reúne o apoio maioritário dos professores, funcionários, alunos da escola, porque se se pode dizer que é uma pessoa com personalidade forte, exigente, também não é menos verdade que não há ninguém na escola que se preocupe e trabalhe tanto pela escola como ela e disso sou testemunha. Agora, parece-me que o ataque à escola, não passa de um ataque pessoal à directora, que incomoda muita gente, pela determinação, afinco, energia, inteligência que emprega nos mais diversos domínios com o fim de lutar pela escola. Para finalizar, convém simplesmente dizer que a Escola Secundária de Alberto Sampaio tem-se tornado um espaço de excelência, reconhecida pela avaliação externa do ME, sendo das poucas escolas a terem obtido a classificação de Muito Bom em todos os parâmetros da avaliação.
Assim, parece-me justo que o PCP lute e desempenhe o seu papel na AR de forma a valorizar os professores, o seu papel decisivo para tornar o país mais competitivo, mais qualificado, mais desenvolvido e justo, que ajude a construir uma escola pública mais justa, mais eficaz, como um espaço de igualdade no acesso e no sucesso. No entanto, não pode servir-se de situações que mal conhece para servir de arma de arremesso para atacar reformas no ensino realizadas pelo governo do PS. Este tem cometido erros atrás de erros, o que hoje é verdade, amanhã já não o é, adia, mas diz que não adia, não aumenta impostos, ganha as eleições e aumenta, afirmam que não têm de pedir desculpas, por mais asneiras que façam, e devem por isso responder por isso, mas não utilizem a ESAS para esses ataques políticos, porque naquela trabalham pessoas dedicadas, sérias, que amam o ensino, amam a profissão de professor, por isso, meus caros políticos, preocupem-se com os reais problemas e as reais situações que existem no nosso país...